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A Medida Provisória (MP) 905, editada pelo governo nesta segunda-feira (11), pode desarticular todo o sistema de proteção social no paÃs, ao modificar regras que têm impacto direto na regulação das relações de trabalho e no financiamento da Previdência Social. A MP precisa ser validade pelo Congresso Nacional.Â
A chamada carteira verde-amarela, instituÃda pela MP, servirá para a contratação de jovens de 18 a 29 anos em postos que recebam até um salário mÃnimo e meio, ou R$ 1497.
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Dentro dessa modalidade, a estimativa é de que haja uma redução de até 80% no valor do FGTS a ser recebido nos casos de demissão. Isso porque os depósitos feitos pelos empregadores serão equivalentes a 2% do salário, ante os atuais 8% da CLT.
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Além disso, deixa de ser obrigatória a parcela patronal da contribuição para o INSS.
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Desempregados contribuirão no lugar do patrão
Para compensar a perda de arrecadação, o governo cobrará contribuições previdenciárias de quem recebe seguro-desemprego.
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Segundo o Plananto, a MP tem como objetivo a geração de empregos. AdÃlia Nogueira, da coordenação do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), avalia o modelo não como uma “polÃtica de geração de empregoâ€, mas uma “politicagemâ€.
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“Além de ser uma medida inefetiva, no sentido de tentar maquiar as estatÃsticas. Os desempregados são os mais vulneráveis na classe trabalhadora. Ele quer que os mais vulneráveis compensem a isenção tributária das empresasâ€, critica.
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“Tática de terrorâ€
“Quem dizia que a reforma trabalhista [de Michel Temer] produziria emprego e com isso justificava a organização que ela causou, sem criar postos de trabalho, tem que assumir que essa MP é a continuidade da esculhambaçãoâ€, rebate João Guilherme Vargas Netto, consultor de entidades sindicais de trabalhadores.
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Ele afirma que a MP 905 foi pensada como tática de “choque e terrorâ€, criando absurdos como a cobrança de quem está desempregado. A insegurança jurÃdica e institucional que a medida pode gerar, em sua visão, é proposital.
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“Um dos genitores dela, que é o Rogério Marinho, está convencido que ela gerará uma confusão, confusão essa que [na visão dele] explicitará a necessidade da carteira verde-amarela e da capitalização da Previdênciaâ€, explica.
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Wagner Gomes, secretário-geral da Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB), entende que o efeito imediato da proposta poderá ser novas contratações, acompanhadas de demissões.
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“Essa tal de carteira verde-amarela surge para beneficiar os empresários e baixar a massa salarial. Se eu posso contratar alguém com menos de 29 anos, sem pagar imposto, evidentemente as empresas vão fazer isso, demitindo quem já estava trabalhandoâ€, prevê.
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Ataque à CLT
A MP 905 altera diversos dispositivos da Consolidação das Leis Trabalhistas. Até a tarde desta quarta-feira (13), o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar ainda não havia terminado de analisar a proposta em detalhes, em decorrência do número de regras alteradas ou suprimidas.
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O Brasil de Fato apurou que partidos de oposição e centrais sindicais, a partir das análises preliminares de advogados trabalhistas e integrantes do Ministério Público do Trabalho, têm atuado no dia de hoje no sentido de alertar o presidente da Câmara sobre os possÃveis efeitos negativos imediatos da MP.
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O objetivo é que, uma vez convencido, Rodrigo Maia (DEM-RJ) se some aos esforços de diálogo com Davi Alcolumbre (DEM-AP). Um dos pontos que devem ser mobilizados na conversa com o chamado centrão são as reiteradas propostas do Executivo que provocam mudanças profundas em diversas áreas e que chegam ao Congresso na forma de MP’s.
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Fonte: Brasil de Fato