Â
 Diante de uma economia quase estagnada que convive com alta de preços, elevada taxa de inflação, carestia e com um mercado de trabalho precarizado, o novo aumento da taxa de juros definido pelo Copom (Comitê de PolÃtica Monetária) na reunião dos dias 14 e 15 de junho, gera potencial para aumentar ainda mais a crise social e econômica pela qual o paÃs passa.
Â
Infelizmente, o governo e sua equipe econômica estão dançando na beira de um precipÃcio. Com ao aumento de 0,50% ponto percentual, os juros chegaram a 13,25% a.a. O novo aumento da taxa de juros faz com que a liderança do paÃs no triste ranking das “maiores taxas reais de juros†se reforce ainda mais. Triste marca!
Â
Os 125,2 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, sendo 33 milhões efetivamente passando fome, os 11 milhões de desempregados, os 26 milhões de trabalhadoras e trabalhadores subutilizados, a paralisação de serviços públicos por insuficiência de materiais e pessoal, os investimentos em queda (segundo os dados do PIB), o aumento da informalidade e a queda da renda real - nada parece ser suficiente para uma reversão da polÃtica econômica que aprofunda a crise, que parece não ter fim. Ao contrário do que se pretende, o aumento da Taxa de Juros (Taxa Selic) não acaba com os elementos que tem causado a inflação atual e ainda gera um rastro de mais crise econômica e miséria social.
Â
Trata-se, acima de tudo, de outro problema da polÃtica econômica do governo que desconectado da realidade trata a inflação atual como se fosse um problema de crescimento da demanda e como remédio aumenta os juros procurando desacelerar uma economia já na UTI. Caem os investimentos, diminui a demanda, aumenta a dÃvida pública e reduz a geração de emprego, em um cÃrculo vicioso no qual as principais vÃtimas são os que menos instrumentos tem para se defender: trabalhadores e trabalhadoras.
Â
Ao buscar o controle inflacionário por este meio, além de sua evidente ineficácia, gera um custo social e econômico nefasto. Numa clara inversão de valores republicanos, o Banco Central não atua pensando no bem estar público, apenas se curva aos especuladores.
Â
Há várias medidas que podem ser implementadas para reduzir preços sem jogar o paÃs na recessão. A retomada da discussão sobre a cobrança de impostos sobre exportação de alimentos, buscando custear um fundo de estabilização deve ser levada em conta. Além disso, a retomada urgente dos estoques reguladores, evitando grande volatilidade dos preços de alimentos, que afeta todas as pessoas, mas em especial a população mais pobre. Também é fundamental definir dispositivos que reduzam a volatilidade cambial, como um controle de fluxos cambiais (que muitos paÃses adotam), visto que é impossÃvel controlar um processo inflacionário sem estabilidade cambial.
Â
Vale lembrar que as centrais sindicais fizeram um ato na no Banco Central em São Paulo ontem (dia 14/07) alertando a sociedade sobre os graves problemas econômicos. É urgente uma mudança na polÃtica econômica do paÃs para que consigamos enfrentar os problemas mais urgentes que afetam nossa população: a inflação, o desemprego, a fome e a carestia.
Â
São Paulo, 15 de junho de 2022
Â
Sérgio Nobre – Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres – Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah – Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo – Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Oswaldo Augusto de Barros – Presidente da Nova Central de Trabalhadores
Â
Fonte:Â Assessoria de Imprensa - 17/06/2022