Senadores que participaram da CPI da Covid e foram da cúpula do colegiado decidiram voltar a dar andamento à s denúncias contra Jair Bolsonaro pelos crimes denunciados no perÃodo de seu governo na gestão da pandemia. A Procuradoria-Geral da República, comandada por Augusto Aras, recebeu o relatório final da comissão no final de 2021, mas nada fez. Agora que deixou a Presidência da República, Bolsonaro não tem mais foro privilegiado e passar a estar sujeito aos trâmites e instâncias da Justiça comuns a qualquer cidadão.
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Neste sentido, os parlamentares acionaram a Advocacia do Senado para fazer uma “radiografia†dos processos instaurados após a apresentação do relatório final. A ideia é juntar todos os documentos que consideram provas de crimes de Bolsonaro no auge da pandemia.Â
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“Tomei a iniciativa de mobilizar os colegas senadores da CPI da Covid e vamos reunir as provas dos crimes cometidos por Bolsonaro, que não tem mais como se esconder por trás do foro privilegiadoâ€, disse o senador Humberto Costa (PT-PE) nas redes sociais.
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O relatório final, do senador Renan Calheiros (MDB-AL), acusou formalmente Jair Bolsonaro de nove crimes cometidos na pandemias:
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prevaricação;
charlatanismo;
epidemia com resultado morte;
infração a medidas sanitárias preventivas;
emprego irregular de verba pública;
incitação ao crime;
falsificação de documentos particulares;
crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade.
“Sem anistia: pela não repetiçãoâ€
A tentativa de fazer andar as denúncias são de certa maneira uma resposta aos pedidos de cidadãos que entoam o coro “sem anistia†desde domingo, o dia da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em referência ao ex-presidente da República.
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Em artigo no site Jota nesta quinta-feira (5), o advogado em direitos humanos Flávio de Leão Bastos Pereira defende que “os crimes do governo brasileiro entre 2019 e 2022 devem ser investigados e punidosâ€. Segundo ele, “a forma pela qual o paÃs lidou com o fim do perÃodo ditatorial confirmou (…) que a realização da Justiça não é negociável após o fim de perÃodos traumáticos e de rupturaâ€.
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Ele lembra que, no sentido inverso de seus vizinhos, especialmente a Argentina, “o Brasil não puniu seus torturadoresâ€. No artigo, intitulado “Sem anistia: pela não repetiçãoâ€, ele elenca os inúmeros motivos pelos quais os crimes de Bolsonaro não podem ser esquecidos.
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Por exemplo: quando o general Eduardo Pazuello assumiu o Ministério da Saúde, em setembro de 2020, o Brasil tinha cerca de 133 mil mortos pela covid-19. Quando deixou a pasta, em março de 2021, os mortos eram?279.602.
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“Medidas de um biopoder letalâ€
Bolsonaro também perseguiu povos indÃgenas, e, com “medidas própria de um biopoder letalâ€, armou a população e destruiu a cultura; estimulou grupos extremistas que bloquearam estradas e vandalizaram BrasÃlia.
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O governo já extinto do ex-capitão “buscou destruir a democracia, suas instituições†e “militarizou a administração pública com nomes absolutamente incompetentes para o enfrentamento de desafios gravÃssimosâ€. Também estimulou o racismo e o genocÃdio estruturais, o que tem “clara conexão com os passados de escravidão e de ditadura militarâ€.
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Segundo Pereira, “não é possÃvel pensarmos em um futuro seguro para as próximas gerações de brasileiras(os) se nosso passado, remoto e recente, não for enfrentado e compreendido em suas causas e consequênciasâ€.
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Fonte: Rede Brasil Atual