As centrais sindicais farão uma greve geral na próxima sexta-feira (14) para a qual preveem a paralisação de serviços de transporte público em grandes cidades.
A ação tem como principal alvo a proposta de reforma da Previdência em tramitação na Câmara dos Deputados.
Outros temas também entraram na pauta, em especial o corte de recursos para a educação, que foi principal mote de protestos nos dias 15 e 30 de maio, e contra o próprio governo Bolsonaro e os altos índices de desemprego que persistem nos primeiros meses de seu mandato.
A paralisação tem a adesão de centrais como Força Sindical, CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da UGT (União Geral dos Trabalhadores).
Ela foi definida pelo grupo no dia 1º de maio, em evento no vale do Anhangabaú, em São Paulo.
A partir daí, passaram a ser feitas assembleias com trabalhadores das diferentes categorias filiadas a elas para aprovação da paralisação.
Ricardo Patah, presidente da UGT, diz que a central busca privilegiar o diálogo, mas não tem sido ouvida nos debates sobre a Previdência. Por isso, a UGT decidiu intensificar sua participação na greve nos últimos dias, afirma.
Segundo Patah, em assembleia realizada nesta segunda (10), profissionais dos transportes decidiram não trabalhar na sexta-feira. Na data, a seleção brasileira estreia na Copa América contra a Bolívia, às 21h30, no estádio do Morumbi, em São Paulo.
A paralisação, de acordo com Patah, é esperada em categorias como motoristas de ônibus, motoboys, taxistas, caminhoneiros e profissionais de limpeza urbana.
Patah diz serem necessárias mudanças na Previdência para que ela se torne mais transparente e justa, mas critica a proposta do governo, em especial o sistema de capitalização (a partir do qual cada trabalhador passa a ter um fundo próprio para sua aposentadoria).
"Como o trabalhador da iniciativa privada fará um fundo de capitalização em um país com mais de 12 milhões de desempregados? Impossível", diz.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz esperar força da greve em categorias organizadas, como metalúrgicos, trabalhadores do setor têxtil e profissionais do setor químico, além dos profissionais dos transportes.
"O objetivo é termos uma demonstração de forças para podermos discutir no Congresso nacional junto com o presidente da Câmara e do Senado", diz Juruna.
Segundo ele, a Força espera debater as idades mínimas para aposentadoria, as regras de transição e a existência do sistema de capitalização.
Juruna afirma que governos anteriores, desde a presidência de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ouviam as centrais quando propunham uma reforma, o que não estaria acontecendo agora.
Ele diz que não haverá convocação da Força Sindical para protestos no dia. "O fundamental será a paralisação".
A CUT informou que as grandes categorias e sindicatos filiados vão parar, incluindo metalúrgicos, professores (das redes pública e privada), bancários, petroquímicos, químicos, servidores públicos.
"A greve geral vai parar o Brasil na sexta-feira, porque a reforma da Previdência proposta pelo governo significa não só o fim da aposentadoria, mas o desmonte de todo o sistema de seguridade social", disse via assessoria de imprensa Vagner Freitas, presidente da CUT.
Segundo ele, os brasileiros enfrentam uma enorme crise e questionam o governo Bolsonaro, que, afirma, não tem proposta de política econômica.
A SPTransrespons, responsável pela circulação de ônibus em São Paulo, disse que acompanha a divulgação da adesão pelo sindicato e fará todos os esforços para garantir o deslocamento da população.
Fonte: Folha de SP