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A Caixa Econômica Federal anunciou nesta terça-feira (2) uma nova linha de crédito no valor de R$ 3,5 bilhões para Santas Casas e hospitais filantrópicos que atendem ao SUS.Â
A nova operação de crédito usará recursos do FGTS, por meio do programa FGTS Saúde, realizado através de bancos públicos.
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Atualmente, 2.147 entidades filantrópicas prestam serviços ao SUS. Juntas, elas responderam, em 2018, por 43% das internações na rede pública.
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Segundo os dados divulgados pela Caixa, os empréstimos poderão ser solicitados com juros de 11,66% ao ano.
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A medida representa um novo aceno do governo às demandas das entidades filantrópicas. Em junho, o governo já havia anunciado uma linha de crédito no valor de R$ 1 bilhão por meio de recursos do BNDES.
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A nova linha de crédito terá prazo de pagamento de até 60 meses. Além dessa medida, a Caixa anunciou uma redução de juros em financiamento voltado para reestruturação de dÃvidas bancárias desses hospitais, cujo prazo de pagamento deve ser de até 120 meses.
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Hospitais filantrópicos passam por grave crise financeira, como é o caso da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por exemplo, cuja dÃvida chegou a R$ 700 milhões no ano passado. A instituição desligou parte de seus funcionários, deixou de administrar unidades de atendimento, vendeu imóveis e cortou custos.
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O presidente da Confederação das Santas Casas, Edson Rogatti, comemorou o anúncio da nova linha, mas disse que a medida representa apenas um "paliativo".
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"O financiamento é barato, mas não vai resolver o problema. O que precisamos é de recursos de custeio para que possamos ter equilÃbrio financeiro", afirmou.
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Segundo ele, a dÃvida do setor soma cerca de R$ 20 bilhões. Rogatti diz ainda que, nos últimos cinco anos, ao menos 218 hospitais filantrópicos tiveram que suspender atendimentos devido a problemas financeiros.
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Em evento para anunciar a medida, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pediu apoio de parlamentares por mais recursos e lembrou do atentado sofrido pelo presidente Jair Bolsonaro na época das eleições, quando o então candidato passou por três cirurgias na Santa Casa de Juiz de Fora (MG).
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Para ele, a medida ainda "não é o melhor dos mundos", mas deve trazer novo fôlego para o setor.
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Questionado sobre falhas de gestão das Santas Casas, ele afirma que o sistema atual é "assimétrico". "Não podemos generalizar que são todas mal geridas, nem que todas são um primor de gestão", disse. Ele defendeu que haja um debate com o Congresso de projetos de lei que traga parâmetros de gestão para esses hospitais.
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Mandetta disse ainda que a pasta estuda rever o modelo atual de financiamento dos hospitais no paÃs. A intenção de revisar contratos e rever a distribuição de recursos entre hospitais públicos e filantrópicos já havia sido anunciada no inÃcio deste ano.
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"Vamos fazer uma discussão de como financiar os hospitais brasileiros e ver onde a contratualização funcionou e não funcionou", disse.Â
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Fonte: Folha de SP