A falta de medicamentos usados para fazer a sedação de pacientes tem afetado a maioria dos hospitais da região noroeste paulista durante a pandemia do novo coronavírus.
A Santa Casa de São José do Rio Preto (SP), por exemplo, suspendeu todas as cirurgias eletivas por conta do baixo estoque, informou o provedor da unidade, Nadim Cury.
“A quantidade que nós temos hoje de medicação dá para conseguirmos pelos menos 15 dias. Então, vamos deixá-la para emergência e urgência”, afirma Cury.
O Hospital de Base, que é referência regional para o tratamento de Covid-19, também chegou a suspender as cirurgias no mês passado, mas como a situação melhorou um pouco, a diretoria decidiu retomar alguns procedimentos.
“Graças a um esforço ímpar de toda a nossa equipe e o bom relacionamento com nossos fornecedores, conseguimos um estoque e estamos voltando a realizar as cirurgias oncológicas que havíamos suspendidos”, afirma a diretora do HB, Amália Tieco.
O desabastecimento de sedativos e relaxantes musculares não preocupa apenas as autoridades de Saúde do noroeste paulista, mas de todo o país.
A situação é monitorada pelo Ministério Público, que pode entrar na Justiça contra laboratórios e fabricantes caso seja comprovada algum tipo de irregularidade.
“Se houver alguma comprovação, que ainda não conseguimos obtê-la, de que os fabricantes estejam manipulando preços, não entregando produtos para aumentar o preço, poderá haver uma ação Judicial, inclusive no sentido de requisitar administrativamente todos os produtos estocados pelos fabricantes e distribuídos”, afirma o promotor de Justiça de Rio Preto, Carlos Romani.
Em Catanduva (SP), todos os hospitais da cidade também estão sofrendo com a escassez de sedativos. No Hospital Padre Albino, protocolos foram criados para que o uso dessas medicações seja eficiente.
“Todos os protocolos clínicos para o tratamento de pacientes em ventilação mecânica acometidos pela Covid-19 estão sendo realizados dia a dia pelos médicos intensivistas e anestesista que estão procedendo com a substituição dos medicamentos existentes”, diz a diretora da Saúde da Fundação Padre Albino.
Promotores de Justiça fizeram uma reunião com os principais hospitais de Catanduva e com a Diretoria Regional de Saúde (DRS) para discutir medidas que possam ser adotadas.
De acordo com a promotora Cynthia Casseb Nascimben Galli, se os casos continuarem a subindo na região de Catanduva, a situação pode sair do controle.
“De nada adianta termos leitos, mas não termos medicamentos suficientes para internação dos pacientes. Se curva continuar crescendo da forma como está, ate meados de julho, nós tenhamos um colapso do sistema de saúde”, diz.
Fonte: G1
Foto: Reprodução/TV TEM