No final do ano passado, quase um quarto (24%) dos trabalhadores negros perderam a ocupação em São Paulo, segundo a Fundação Seade. “Metade foi para o desemprego e metade para a inatividade”, diz o Seade em pesquisa sobre o impacto da pandemia entre trabalhadores negros na região metropolitana.
Segundo o levantamento, esses trabalhadores tiveram “maior dependência de mecanismos de transferência de renda, maior desalento e menor isolamento social devido à necessidade de trabalho presencial”. Apenas 17% passaram para o teletrabalho, ante 34% dos não negros. “Essa menor possibilidade de manter o isolamento por meio do trabalho remoto se deve ao fato de, entre os negros, ser maior a parcela em ocupações não protegidas e em atividades consideradas essenciais durante a pandemia, como transporte e serviços de limpeza”, analisa o Seade.
Dificuldade de reinserção
Entre os que estavam desempregados em 2019, mais negros conseguiram se reinserir (38%) do que não negros (32%). “Contudo, para os dois segmentos, a maioria dos que estavam desempregados permaneciam sem trabalho em 2020”, acrescenta a fundação. Já entre os negros que permaneceram ocupados entre o final de 2019 e igual período do ano passado, 85% não mudaram de trabalho.
E 29% deles tiveram redução da jornada, enquanto 44% sofreram algum tipo de interrupção do trabalho durante o período da pandemia. Para 34%, a renda diminuiu, e 7% ficaram sem rendimento durante certo tempo.
Diferenças de perfil
“O perfil dos desempregados se diferencia pela maior presença, entre os negros, de chefes de domicílio, cônjuges, mulheres, adultos e aqueles com até o ensino superior incompleto”, descreve o Seade. “Como meio de sobrevivência, 26% dos negros desempregados realizaram algum bico.”
O levantamento mostra ainda que uma parcela maior de negros precisou do auxílio emergencial. Assim, 33% deles receberam o benefício, ante 27% dos não negros.
Fonte: Rede Brasil Atual