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A data é inesquecÃvel: 18 de outubro de 1997. Na época, aos 12 anos, Priscila Meirelle Feijo Zigart sofreu um atropelamento gravÃssimo, no Jardim Panamá, em Campo Grande. Ela ficou em coma e uma pessoa a cuidou durante 30 dias, deixando "marcas eternas de gratidão" e fazendo, inclusive, seguir carreira profissional na área da saúde. Só que o destino reservou algo ainda mais especial: ambos se reencontraram no hospital após 24 anos e estão trabalhando juntos.Â
Por conta do acidente, Priscila teve traumatismo craniano encefálico (TCE) e, ao relembrar os fatos, fala que o cuidado do técnico de enfermagem Francisco Caetano Paiva Filho, hoje com 50 anos, foi o que mais chamou a atenção dela e a fez decidir a profissão que seguiria para o resto da vida: fisioterapia.
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Muito emocionada, Priscila, agora com 36 anos, relembra o momento em que, após o coma, a sedação foi diminuindo e ela acordou um dia "agitada, meio desorientada", quando viu Francisco pela primeira vez. Na ocasião, percebeu uma grande quantidade de sangue e escutou uma conversa entre o profissional e irmã dela, dizendo que levaria shampoo. “Depois, lembro dele dizendo ‘bom dia, vou lavar seu cabelo’â€, falou.
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Desde então, Francisco se tornou "Chico" para ela. Antes, no perÃodo do coma, ela fala que lembra e ainda admira o profissionalismo dele, informando sobre todos os procedimentos que iria fazer, avisando cada detalhe, mesmo ela estando em coma.
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"...Isso para mim, que era tão pequena, parecia um pai cuidando de uma filha. Ele tem uma paciência, uma sutileza e faz tudo com muita naturalidade, com muito amor, por isso, tudo isso ficou muito marcado na minha lembrançaâ€, descreveu.
Anos depois, já formada em fisioterapia, com especialidade em terapia intensiva, Priscila passou a atuar em uma hospital particular de Campo Grande. "Logo nos primeiros dias de trabalho, eu reencontrei ele e o reconheci na hora. Depois, tivemos um plantão juntos, em agosto do ano passado. Foi muito bacana, nós conversamos e aà eu tive a certeza que era ele mesmo. Falei do acidente e ele lembrou na hora, até do quarto onde eu fiquei. Foi emocionante mesmo, não consigo descrever, só tenho gratidão", disse ao G1.
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Enquanto fica na ala Covid, Francisco atua na unidade coronariana. "Foi muito interessante esse reencontro. Trabalho neste hospital há 10 anos e, em um belo dia, no 2° andar, quando eu já estava passando o plantão para o meu colega, ela veio conversar comigo. Me deu detalhes da época e eu puxei na memória e acabei me lembrando. Foi muito gratificante, inexplicável, me senti honrado de algo no passado vir à tona, com aquele momento magnÃfico. Só faltou o abraço mesmo que não teve por conta da pandemia", argumentou.
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Fonte: G1