Após a sua inclusão na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), sÃndrome de burnout, que refere-se ao esgotamento profissional, passou a ser considerada doença ocupacional desde 1º de janeiro deste ano. A medida garante aos trabalhadores os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários previstos nas demais doenças relacionadas ao trabalho.Â
Com a mudança na 11ª Classificação EstatÃstica Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11), a sÃndrome passará a ter o código QD85 – até o ano passado, era o Z73. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, para efeito de registro dos benefÃcios por incapacidade junto à Previdência, será necessário atualizar normativos internos e sistemas para fazer as atualizações da CID-11, e essa mudança deve ocorrer aos poucos.
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Ao Portal G1, a advogada CÃntia Fernandes, explicou que “o trabalhador com sÃndrome de burnout terá direito a licença médica remunerada pelo empregador por um perÃodo de até 15 dias de afastamentoâ€.
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Na necessidade de afastamento superior a 15 dias, o empregado terá direito ao benefÃcio previdenciário pago pelo INSS, denominado auxÃlio-doença acidentário, que prevê a estabilidade provisória, ou seja, após a alta pelo INSS o empregado não poderá ser dispensado sem justa causa no perÃodo de 12 meses após o fim do auxÃlio-doença acidentário. Em casos de incapacidade total para o trabalho, o empregado, após passar pela perÃcia médica do INSS, terá direito à aposentadoria por invalidez.
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Segundo o G1, a advogada Lariane Del Vecchio, especialista em direito do trabalho do escritório Aith, Badari e Luchin, destacou que, além do afastamento e da estabilidade, o trabalhador acometido pela sÃndrome também tem direito a continuar a receber os depósitos de FGTS em sua conta, manutenção do convênio médico, indenização por danos morais em caso de violação a direitos de personalidade, danos materiais como gastos com medicação e consultas multidisciplinares, danos emergentes, como PLR e adicionais, e pensão vitalÃcia, que consiste em uma indenização que se leva em consideração a redução da capacidade laboral e o prejuÃzo financeiro provocado pela doença.
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A OMS descreve o burnout como “uma sÃndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito†e que se caracteriza por três elementos: “sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzidaâ€. Para configurar a sÃndrome como doença ocupacional, é necessário provar a relação entre trabalho e doença.Â
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Afinal, o que é burnout?
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Segundo o site do Hospital do Coração, Hcor, “A SÃndrome de Burnout, também conhecida como SÃndrome do Esgotamento Profissional, é uma doença mental que surge após o indivÃduo passar por situações de trabalho desgastantes, ou seja, que requerem muita responsabilidade ou até mesmo excesso de competitividade. Essa sÃndrome surge por excesso de trabalho vinculado à pressão. Alguns profissionais são mais suscetÃveis a desenvolver a SÃndrome de Burnout, tais como: médicos, enfermeiros, professores, policiais e jornalistas, além de profissionais que desempenham dupla ou tripla jornada.
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Entre os motivos para o surgimento da SÃndrome de Burnout, objetivos difÃceis de serem alcançados impostos por chefes aos seus colaboradores também ganham destaque. Muitas vezes, a pessoa pode não ser capacitada para tal função ou já estar desempenhando outras atividades, e isso pode impedir o cumprimento de demandas solicitadas. A pessoa se sente, então, sobrecarregada e, ao mesmo tempo, incapaz, pois deseja realizar o que lhe é proposto, mas não tem meios para issoâ€.Â
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Os sintomas são:Â
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exaustão extrema, fÃsica e mental;
dor de cabeça frequente;
alterações no apetite: sentir mais ou menos fome;
insônia;
sentimentos de fracasso e insegurança;
dificuldades para se concentrar;
pensamentos negativos constantes;
sentimentos de derrota e incompetência;
desânimo;
alterações de humor;
aumento da pressão arterial;
dores musculares;
isolamento;
alteração dos batimentos cardÃacos;
problemas no sistema gastrointestinal (estômago e intestino).
De acordo um levantamento da Escola de Economia de Londres, realizado em 2016, o Brasil perde US$ 63,3 bilhões por ano devido ao afastamento do trabalho por questões de estresse e depressão, ficando em segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, onde o estresse no trabalho é um problema de saúde pública. A Associação Internacional de Gestão de Estresse estima que 32% dos profissionais do paÃs sofram com o esgotamento no ambiente de trabalho. Esse valor é superior a 1/3 do total de trabalhadores, os quais podem estar próximos de um colapso ou uma depressão.Â
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Com informações de G1 e Hcor
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Fonte:Â UGT