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O Grupo de Trabalho (GT) da Câmara dos Deputados, que analisa o Projeto de Lei (PL) que institui o piso salarial da da enfermagem (PL nº 2564/20), discutiu nesta terça (15/02) os impactos financeiros da proposta. A aprovação do projeto é uma das bandeiras do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que foi representado no debate pela conselheira nacional de Saúde Francisca Valda da Silva.Â
Embora o tema já esteja em negociações avançadas na Câmara, ainda há divergências em relação aos valores que o piso irá causar nos cofres públicos. Esse é o principal entreve para a finalização do relatório, que está sendo elaborado pelo deputado federal Alexandre Padilha. De acordo com a presidenta do GT, a deputada Carmen Zanotto, é necessário que o grupo consiga chegar a um acerto sobre os números e a metodologia usada para a elaboração do impacto financeiro. Os dados apresentados junto ao colegiado apresentam uma variação que vai de R$ 15 bilhões a R$ 40 bilhões.
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“Quantos trabalhadores na área da enfermagem nós temos no paÃs? Qual o impacto para o setor público, federal, municipal e estadual? Qual é o impacto para a rede filantrópica prestadora de serviço, assim também como para os serviços prestadores de serviço ao SUS? Qual é o impacto financeiro para o setor privado? Isso é necessário para que consigamos sair dos dados, que vão de R$ 15 bilhões até R$ 40 bilhõesâ€, questionou a deputada.
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Segundo a categoria, o impacto do aumento do piso é de R$ 15 bilhões ao ano. Já o Ministério da Saúde afirma que o custo poderia chegar a R$ 24,9 bilhões em 2024. O projeto em análise na Câmara também prevê a atualização monetária anual do piso da categoria com base no Ãndice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e assegura a manutenção de salários eventualmente superiores ao valor inicial sugerido, independentemente da jornada de trabalho para a qual o profissional tenha sido contratado.
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Para Maria Helena Machado, representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), os números financeiros em relação à proposta devem refletir a essencialidade da categoria, uma das que está na linha de frente do combate à covid-19.
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“A discussão do piso salarial já está dada, mas não podemos ir para o campo do impacto financeiro simplesmente. Estamos falando de milhões de trabalhadores e o impacto sempre vai existir. Ele reflete na essencialidade da categoria da enfermagem. Os números desse refletir a essencialidade e não números simplesmenteâ€, afirmou.
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Valores desfasados
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Segundo ela, os técnicos de enfermagem, que representam cerca de 75% dos que têm contrato, recebem em média entre um e dois salários mÃnimos. O tempo de trabalho é, em média, de 40 horas semanais.
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“Um exemplo da vergonhosa situação que se encontra a enfermagem no Brasil é que em um plantão de 24 horas, custa em média de R$ 100 a R$ 150â€, afirmou.
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Representante do CNS no encontro, Francisca Valda da Silva, afirmou que um dos principais reflexos do projeto será de minimizar as desigualdades sociais.
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“Temos colegas hoje que são PJ, temos trabalho intermitente, temos de tudo. O investimento nesta força de trabalho é a alavanca para a produção dos serviços para a saúde pública. A aprovação do piso salarial da enfermagem é um compromisso com a ampliação do acesso a serviços de saúde de qualidade para toda a população. Essa agenda não é só dos profissionais da enfermagem. Ela é da sociedade brasileira. Não queremos discurso, queremos conclusões concretasâ€.
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O projeto original é de autoria do senador Fabiano Contarato e prevê um salário mÃnimo de R$ 4.750 para enfermeiros e enfermeiras. Já os técnicos e técnicas de enfermagem deverão receber pelo menos 70% desse valor, e auxiliares de enfermagem e parteiras, a metade. Caso haja alteração no texto durante a votação na Câmara, o projeto precisa retornar para nova apreciação dos senadores e senadoras.
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De acordo com o relator da proposta, todos os dados apresentados em relação ao impacto financeiro estarão no parecer, que será entregue no próximo dia 22. A expectativa é que a votação do projeto ocorra na comissão no dia 25 de fevereiro.
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https://www.youtube.com/watch?v=jW-MgpUqSQoÂ
Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
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AscomCNS
Fonte: Conselho Nacional de Saúide