
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas e Caribe, considera a aprovação do piso nacional dos profissionais da Enfermagem pelo Congresso brasileiro como uma das melhores experiências para a valorização desses trabalhadores em todos os paÃses da região. Tanto é que o tema foi um dos três exemplos apresentados em evento na última quarta-feira (4), na sede da organização, em Washington, em alusão ao Dia Internacional da Enfermagem, que será comemorado nesta quinta-feira (12).
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“Com um déficit de enfermeiras e enfermeiros estimado em 1,8 milhão até 2030 nas Américas, é essencial que dobremos nossos investimentos no aumento de nossa força de trabalho de enfermagem e cuidemos dos profissionais existentes para que possam continuar cuidando de nósâ€, disse a diretora da Opas, Carissa F. Etienne, ao pedir aos paÃses que aumentem urgentemente investimentos para o aprimoramento e manter a força de trabalho nos serviços de saúde. Ela destacou ainda a brava atuação desses profissionais ao longo da pandemia de covid-19, que ainda não chegou ao fim, inclusive na aplicação de quase dois bilhões de doses de vacinas na região.
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De autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES) o Projeto de Lei aprovado no Senado no final de final de 2021 e na Câmara na última quarta-feira por 449 votos favoráveis e apenas 12 contrários define o piso salarial de R$ R$ 4.750 para enfermeiros, 70% desse valor para os técnicos de enfermagem (R$ 3.325) e 50% para auxiliares e parteiras (R$2.375). Uma disputa em que até votos de deputados de partidos do centrão foram revertidos.
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Reparações
De acordo com Francisca Valda da Silva, representante da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) no Conselho Nacional de Saúde (CNS), a maioria dessa força de trabalho é composta por técnicos de nÃvel médio, auxiliares e parteiras. “Os profissionais da enfermagem, em grande parte, ganham salário mÃnimo. São heróis, generosos, têm cuidado de todos e são também os mais adoeceram e morreram de covid. Fazem um trabalho que leva ao esgotamento, exige força fÃsica, leva a um adoecimento muito grande e por décadas vivem na invisibilidade“, disse à RBA.
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O CNS e a Sociedade Brasileira de Medicina de FamÃlia e Comunidade (SBMFC), entre outras entidades, endossam o projeto também porque faz uma reparação histórica com as parteiras. “Há municÃpios em que para se chegar é preciso viajar horas, até dias, e barco. E muitas vezes a parteira é a única profissional de saúde no localâ€, disse Valda.
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Conforme a conselheira, a luta agora é para pressionar o presidente Jair Bolsonaro a sancionar, sem vetos, o projeto aprovado e reconhecido por autoridades internacionais de saúde.
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Fonte: Rede Brasil Atual