
Aprovado no Congresso Nacional após uma longa jornada de mais de 30 anos, o piso nacional da enfermagem ainda não tem data certa para entrar em vigor no paÃs. O texto que estipula os valores salariais de enfermeiros, parteiras, técnicos e auxiliares de enfermagem foi enviado nesta sexta-feira (15) pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PL), para sanção presidencial.
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"Há uma expectativa de que ele aprove. Obviamente, tem um lobby muito grande das empresas de saúde, dos hospitais particulares, das Santas Casas, das prefeituras porque tem toda a discussão sobre o financiamento pra estados e municÃpios implementarem o piso, mas nossa expectativa é de que ele aprove", afirma o presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal, Jorge Henrique de Sousa.
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A partir do recebimento do texto, o chefe do Executivo tem um prazo legal de 15 dias para sancionar ou não o texto. Caso ele decida vetar total ou parcialmente a proposta, batizada de Projeto de Lei (PL) 2564/2020, os trechos eventualmente cortados devem retornar para análise do Congresso. O Legislativo tem o poder de acatar a decisão sobre o veto ou recuperar os trechos cortados pelo presidente.
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Após a sanção definitiva do texto do PL, o piso deve começar a valer de imediato para a iniciativa privada. Já para os trabalhadores do serviço público, a norma tende a demorar um pouco mais.
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A Emenda Constitucional nº 124, que prevê a criação do piso em lei federal, indica que União, estados, municÃpios e o Distrito Federal têm até o final do ano em que for publicada a nova lei para adequar a remuneração dos cargos ou planos de carreira.
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Com isso, a projeção é de que, sancionada a norma, o piso vigore no serviço público somente a partir do ano que vem. O texto aprovado pelas duas casas legislativas prevê valores salariais mÃnimos de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos e R$ 2.375 para auxiliares e parteiras.
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"É uma conquista muito importante pras trabalhadoras e pros trabalhadores da enfermagem. A gente teve o reconhecimento da relevância do trabalho social da enfermagem em prol da saúde e da vida. O que a gente espera é que se complete esse reconhecimento do Estado com a sanção presidencial", afirma a presidenta da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), Sônia Acioli.
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Resguardo
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Para evitar problemas judiciais, o Legislativo aprovou, após o PL 2564, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 11/22, que insere na Carta Magna a previsão de criação do piso. O texto foi promulgado na última quinta (14) pela mesa do Congresso para que, na sequência, Lira enviasse o PL à sanção, conforme ocorreu nesta sexta. Â
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Apesar disso, lideranças da categoria ainda temem uma disputa judicial. O receio é de alguma barreira que possa partir da iniciativa privada, que tem diferentes setores que se mostraram contrários ao piso desde o começo da discussão do PL no Senado, ainda em 2020.
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Os profissionais da área temem que o setor se mobilize para convencer Bolsonaro a vetar o projeto e, com isso, atrasar a vigência da lei, ou mesmo recorrer a outras instâncias para protelar a entrada da norma em vigor.
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"A gente tem medo de que haja uma enxurrada de ações pra tentar dificultar e adiar a implementação. A gente ainda não tem nenhuma prova de que isso vai acontecer, claro, porque não há nada concreto, mas há um receio e conjecturas nesse sentido", sinaliza Jorge Henrique de Sousa.
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Edição: Thalita Pires /Â