A cientista e pesquisadora Nísia Trindade Lima foi oficialmente apresentada, nesta segunda-feira (2), como nova ministra da Saúde.
A cerimônia aconteceu no auditório do Ministério da Saúde, em Brasília (DF) e conta com a presença de outros ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e Cida Gonçalves, ministra da Mulher.
Ao entrar no auditório, Nísia foi bastante aplaudida pelos presentes.
"Nossa gestão será pautada pela ciência e pelo diálogo com a comunidade científica", disse Nísia, em suas primeiras palavras como ministra da Saúde.
No discurso, Nísia afirmou que, à frente do Ministério da Saúde, quer:
Fortalecer a produção local e o complexo econômico da saúde, dando ao Brasil autonomia na produção de vacinas e fármacos. "A pandemia da Covid-19 mostrou a nossa vulnerabilidade", disse.
Estreitar as relações entre religião e ciência após o que chamou de "período de obscurantismo" ao se referir à gestão de Jair Bolsonaro (PL). “Penso que as lideranças religiosas terão um grande papel na transformação da sociedade. Muitas estão sendo fundamentais na defesa da ciência, da vacinação e no cuidado da população".
Retomar a coordenação nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte do Ministério da Saúde.
A nova ministra da Saúde também anunciou:
A revogação, nos próximos dias, de normativas que, segundo Nísia, "ofendem a ciência, os direitos humanos e os direitos sexuais reprodutivos";
O combate ao racismo estrutural no SUS;
A retomada do alinhamento da agenda da saúde mental à reforma psiquiátrica brasileira;
A criação de uma política de atendimento às pessoas com sintomas pós-Covid;
Ações para reverter as baixas coberturas vacinais, como os "embaixadores da vacinação" espalhados pelo Brasil para incentivar a imunização;
Fortalecimento do programa Farmácia Popular.
Novo secretariado
Nísia Trindade anunciou os nomes que vão compor o segundo escalão do Ministério da Saúde e a criação de uma nova secretaria da pasta, ligada à informação e à saúde digital.
Entre os nomes, estão o da liderança indígena Weibe Tapeba e do até então presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o médico sanitarista Nésio Fernandes:
Secretário-executivo: Swedenberger do Nascimento Barbosa;
Secretário de Atenção Primária à Saúde: Nésio Fernandes;
Secretária de Atenção Especialidade à Saúde: Helvécio Magalhães;
Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente: Ethel Maciel;
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos: Carlos Gadelha;
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde: Isabela Pinto;
Secretaria da Informação e Saúde Digital: Ana Estela Haddad;
Secretaria de Saúde Indígena: Weibe Tapeba.
Nísia Trindade é a mulher a assumir o cargo de ministra da Saúde. Até então, ela era presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde é servidora desde 1987.
Nísia Trindade é anunciada por Lula como ministra da Saúde; veja perfil
Durante sua gestão como presidente da Fiocruz, Nísia liderou as ações da fundação no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil, como a fabricação da vacina da AstraZeneca, usada em adultos na campanha de vacinação desde 2021.
Perfil
Doutora em Sociologia, mestre em Ciência Política e graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
Presidente da Fiocruz desde 2017;
Foi diretora da Casa de Oswaldo Cruz, unidade da Fiocruz voltada para pesquisa e memória em ciências sociais, história e saúde, entre 1998 e 2005;
Participou da elaboração do Museu da Vida, museu de ciência da Fiocruz;
Atuou na implementação da Rede SciELO Livros;
Foi vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz;
É autora de dezenas de artigos, livros e capítulos com reflexões sobre os dilemas da sociedade nacional, sobretudo as cisões entre os "Brasis urbano e rural, moderno e atrasado".
Fonte: G1