A experiência positiva no Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Saúde de Jáu e Região de oferecer atendimento psicológico à categoria em prol da saúde mental foi levada à 6ª Conferência UNI Américas Juventude, organizada pela UNI Global Union de 2 a 7 de dezembro, em Córdoba, na Argentina. A presidente do Sindicato da Saúde, Edna Alves, viajou como representante da Federação Paulista da Saúde.
Além dela, outra colega da área, Bianca Ariadny, secretária geral do Sinsaúde Campinas e Região, também fez parte da delegação brasileira – outros sindicalistas de diferentes áreas também participam do evento. Eles viajaram com despesas custeadas pela UNI Américas. A Conferência reúne lideranças sindicais de toda a América Latina e Caribe para debater ações estratégicas que promovam a proteção e a valorização dos trabalhadores.
Edna Alves falou na Conferência do projeto Cuidar e Tratar na Base, que que oferece suporte psicológico aos associados. O trabalhador da saúde tem sofrido demais com ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. Na Conferência, Edna citou a iniciativa de dispor sessões gratuitas com psicóloga para dar à categoria um respaldo que ela não encontra no ambiente de trabalho – ambiente, aliás, quase sempre hostil e desencadeante de transtornos mentais.
Após debate com colegas, ela fez parte da mesa de trabalho e falou das propostas futuras para melhorar as condições de trabalho, de ações que auxiliem o profissional a ter mais qualidade e iniciativas que fortaleçam o sindicalismo.
Casos concretos
Edna citou casos concretos de nossa base de trabalhadores da saúde que recorrem ao sindicato em busca de socorro, com visíveis sinais de ansiedade e depressão. Falou que relatam problemas no ambiente de trabalho com chefia, levando ao terem pânico de ir ao trabalho por causa da pressão e assédio moral. No caso, são encaminhados para a psicóloga e o Sindicato intercede junto aos gestores para achar uma solução.
De forma geral, o Sindicato conseguiu que chefes de UTI fossem transferidos, mudança de empregados de setor e de turno, solucionou casos de atestados médicos não aceitos e conseguiu a mudar jornada de todo um setor que fazia 6 horas diárias e as funcionárias queriam 12x36.
Conferência da UNI
Na conferência em Córdoba são discutidas questões prioritárias como a formulação de políticas eficazes contra o assédio no ambiente de trabalho, a capacitação de jovens sindicalistas para combater as diferentes formas de violência no mercado laboral e a promoção de um ambiente profissional que respeite a dignidade dos trabalhadores.
Também está em pauta a ratificação e a implementação da Convenção C190 e da Recomendação R206 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), instrumentos internacionais fundamentais para enfrentar a violência e o assédio no trabalho.
O evento contará também com a Conferência UNI Américas Mulheres, que amplia o debate para as questões de igualdade de gênero e inclusão no ambiente de trabalho, e a Conferência Regional UNI Américas, que integra todas as frentes para discutir estratégias de longo prazo voltadas ao fortalecimento do sindicalismo na região. Além da Conferência UNI Américas Finanças, onde serão discutidas as pautas econômicas e as estratégias financeiras necessárias para o fortalecimento das ações sindicais na região.
Debates e ideias
A UNI Américas é o braço continental da UNI Global Union, que representa mais de 20 milhões de trabalhadores no setor de serviços em todo o mundo.
Programação das Conferências
O seminário integra uma agenda mais ampla de eventos da UNI Américas, que seguem até o dia 7 de dezembro:
• 6ª Conferência Regional UNI Américas Finanças: (2 e 3 de dezembro);
• 7ª Conferência Regional UNI Américas Mulheres: (4 de dezembro);
• 6ª Conferência Regional UNI Américas Juventude: (4 de dezembro);
• 6ª Conferência Regional UNI Américas: (5 a 7 de dezembro).
Essas conferências promovem debates sobre temas específicos, como igualdade de gênero, juventude, desafios econômicos e integração sindical, consolidando estratégias para fortalecer os direitos trabalhistas.
(Com informações do Sinsaúde Campinas e Findect/Federação dos Trabalhadores dos Correios)
SAIBA MAIS
O que é Saúde Mental no Trabalho?
A saúde mental no trabalho vai além da ausência de doenças. Refere-se ao equilíbrio emocional e psicológico que permite lidar com demandas diárias, promover bem-estar e manter um ambiente saudável. Para a enfermagem, essa questão é crítica devido à carga emocional, à responsabilidade e à exigência de suas funções.
A Realidade da Enfermagem: Dados Alarmantes
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Prevalência de transtornos mentais: 20,5% dos profissionais apresentam transtornos comuns (estudo em MG).
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Impacto da pandemia: Ansiedade, depressão e insônia afetaram 40,3%, 39,9% e 36,1% dos profissionais, respectivamente, durante a COVID-19.
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Afastamentos: Crescimento de 38% nos afastamentos por transtornos mentais em 2023 em relação a 2022 (dados INSS).
Fatores de Risco
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Sobrecarga de trabalho: Turnos longos e jornadas exaustivas.
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Reconhecimento insuficiente: Falta de valorização profissional.
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Condições inadequadas: Escassez de recursos e infraestrutura precária.
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Assédio e violência: Ambientes de trabalho hostis.
Consequências do Problema
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Para o profissional: Depressão, ansiedade e síndrome de burnout.
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Para o sistema: Aumento das faltas ao trabalho, queda na qualidade do atendimento e custos elevados para saúde pública e privada.
O Impacto da Pandemia
A COVID-19 intensificou os problemas de saúde mental. Enfermeiros enfrentaram luto, sobrecarga extrema e risco constante, exacerbando transtornos como ansiedade e depressão.