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Sistema de apostas joga com a saúde mental dos brasileiros


29/05/2025

 

As apostas on-line se tornaram um fenômeno bilionário no Brasil. Estimuladas por publicidade e influenciadores de redes sociais sem regulação no país, elas cada vez mais ocupam as telas, e estão na palma da mão e integradas à vida cotidiana dos brasileiros.
 
Mas, por trás da fachada de entretenimento digital, cresce um problema alarmante: o impacto já não tão silencioso sobre a saúde mental da população; especialmente a mais jovem.
 
Com muita tecnologia, a transformação de jogos em experiências envolventes e acessíveis fez com que só em 2024 o setor das Bets movimentasse mais de R$ 120 bilhões.
 
Diante de valores astronômicos, denúncias de atuação ilegal de plataformas estrangeiras, manipulação de resultados do futebol e até da possibilidade de lavagem de dinheiro, em novembro de 2024 foi instaurada no Senado a CPI das Apostas Esportivas.
 
Conhecida como CPI das Bets, a comissão sob relatoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos/MS) enfrenta críticas quanto à sua eficácia e seriedade. Especialistas, no entanto, alertam que os danos não se restringem ao campo político ou financeiro. Têm se evidenciado também como um problema de saúde pública.
 
Bets: epidemia emocional
Para a psicóloga Êdela Nicoletti, diretora do Centro de Terapia Cognitiva Veda, as plataformas de apostas não apenas fomentam o vício, elas são desenhadas para isso. “A promessa de ganhos rápidos, somada à estética lúdica e à linguagem das redes sociais, estimula um ciclo de impulsividade e arrependimento constante”, explica. “É uma armadilha psicológica com alto poder de destruição emocional”, assevera.
 
O especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT), Vinícius Dornelles, destaca o mecanismo cerebral ativado por esse tipo de estímulo. “As bets trabalham diretamente com o sistema de recompensa do cérebro. Quanto maior a exposição, maior o risco de impulsividade, autossabotagem e transtornos emocionais graves. Isso é saúde pública, e estamos tratando como se fosse apenas um problema de regulação econômica”, alerta.
 
Os dados corroboram a gravidade do cenário. Pesquisa recente da Fiocruz estima que mais de 3,5 milhões de brasileiros já apresentam sinais de risco relacionados ao vício em apostas.
 
Já o Serasa, em estudo realizado em parceria com o instituto Opinion Box, revela que 57% dos inadimplentes que apostam não tinham dívidas antes de começar a jogar. “Isso mostra que as apostas estão levando pessoas que tinham equilíbrio financeiro à ruína”, constata Dornelles.
 
Risco elevado entre adolescentes
Dos 11 milhões de brasileiros que fazem uso perigoso de apostas, 1,4 milhão têm transtornos de saúde mental, na sua maioria adolescentes dos 14 aos 17 anos.
 
A psiquiatra Danielle Admoni, especialista em infância e adolescência pela Unifesp, alerta que os mais jovens estão entre os grupos mais vulneráveis das apostas on-line. “O cérebro do adolescente ainda está em desenvolvimento. Quando ele entra em contato com sistemas que promovem recompensa imediata e reforço positivo, como os jogos de apostas, o risco de dependência aumenta exponencialmente”, explica.
 
Em abril passado, o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), feito pela Unifesp a pedido do Ministério da Justiça, apontou que cerca de 11 milhões de brasileiros fazem uso perigoso de apostas.
 
Desses, segundo o trabalho da universidade, 1,4 milhão já apresentam transtornos associados. A pesquisa mostra que 10,5% dos jovens entre 14 e 17 anos disseram ter jogado no último ano. Desses, 55,2% estão na faixa de risco. Na pesquisa, foram ouvidas 4.860 pessoas com 14 anos ou mais.
 
“O problema vai além do vício”, diz Danielle. “Estamos falando de impactos reais sobre autoestima, relações familiares e rendimento escolar. Muitos desses jovens são atraídos por influenciadores nas redes sociais que glamourizam a prática, sem falar dos riscos ou consequências”, lamenta.
 
A preocupação se estende à atuação de plataformas que burlam a legislação e atingem menores de idade com facilidade.
 
Em 2023, o Instituto Alana denunciou a Meta, controladora do Instagram e Facebook, por permitir anúncios de apostas voltados para crianças e adolescentes. O conteúdo, muitas vezes apresentado por influenciadores mirins, expunha menores ao risco sem qualquer proteção institucional.
 
Regulação e prevenção, um caminho ainda incerto
Embora o governo federal tenha dado início à regularização das Bets – hoje com 118 plataformas autorizadas pelo Ministério da Fazenda – os especialistas consideram que medidas mais abrangentes são urgentes.
 
“A repressão ao crime é necessária, mas reprimir irregularidades é insuficiente”, afirma a psicóloga. “É preciso desenvolver políticas públicas de conscientização, programas de tratamento para dependentes e mecanismos de proteção para os mais vulneráveis, principalmente os jovens”, defende a Êdela.
 
Dornelles é taxativo: “Apostar não é só uma questão de perder ou ganhar dinheiro. É sobre perder o controle da própria vida. E, muitas vezes, só se percebe isso quando já é tarde”, alerta.
 
 
 
Sindicato da Saúde Jaú e Região
Rua Sete de Setembro, 462 - CEP 17.201.-480 - Centro - Jaú - SP
Fone (14) 3622-4131 - E-mail: [email protected]